♫ ♪ Visconde - Diga
Meu telefone toca e no visor aparece um número não identificado,
e mesmo assim eu atendo. E nem quase termino meu alô! e você vai logo cantando
aquele trecho daquela música que aprendemos a gostar juntos:
- Então me diga que o tempo fecha todas as feridas e que
para nós existe uma saída, que nem por um segundo me esqueceu.
- Você sempre afinado. Me ligando de tão longe para cantar
uma música?
- Estou em Sampa baixinha! Já ta correndo pra vir me dar um
abraço?
Nossos recomeços tem sempre um certo padrão, nem duas horas após
esse diálogo nós vamos estar abrindo um vinho da minha marca favorita, dando
risadas de coisas bobas, entrelaçando braços e pernas ao som daquela banda com
músicas tão cafonas que somos fãs. E você vai me olhar com aquele olhar de quem
vai me pedir para te acompanhar.
Vamos nos perguntar por que é mesmo que não estamos juntos?
Se tudo parece se encaixar quando estamos juntos, se nossos sonhos parecem tão
iguais, se somos embalados pela mesma música...Por que ainda estamos separados?
Você vai esbravejar dizendo que é porque eu tenho medo de compromissos, que
tenho medo de me amarrar de verdade com alguém, de ter uma vida a dois, de ter
uma rotina, de me acalmar. Eu não vou discordar, vou ignorar sua fúria porque
eu não sei te explicar sobre o que me mantém tão distante. Eu ainda quero
sentir aquelas borboletas no estômago , ainda busco algo que não sei nomear.
Ainda não consigo separar a paixão do amor, e nem se esses sentimentos
realmente se separam ou se misturam.
Nossos fins tem sempre um certo padrão, nem um mês após as
risadas, o vinho,os beijos e mordidas vamos chegar a conclusão de que certos
sentimentos não são tão fracos para acabar, mas também não são fortes o suficientes para uma mudança. E eu
vou te olhar com aquele olhar de quem vai te pedir para ficar...Mas vou me
despedir com um beijo, fingir que nada disso importa ou machuca. Vou esperar o
telefone tocar e você cantar pra mim novamente.
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