11/08/2014

O jeito pai do meu pai

Meu pai gostava de camisas de manga curta e que tinha bolso para ele poder guardar o cigarro, gostava também de usar chapéu e botina. Era um homem da roça que se esforçou para viver na cidade e dessa forma educar os filhos.
Não sei se não era da minha época, ou não fosse um costume da minha cidade do interior..mas os pais não tinha o hábito de levarem os filhos para passearem, ou assistir desenhos e filmes infantis. Meu pai não era meu amigo, era só o meu pai...e isso já era uma coisa muito grande de ser. Os seus "não","fica quieto" e " me obedece" eram prontamente atendidos sem chorumelas e esperneio. Houve poucos abraços entre ele e eu, poucos momentos realmente juntos.
Foi um grande pai, que saiu da roça pra morar em uma cidade do interior pros filhos terem o que o pai dele nunca proporcionou, estudo. E saiu da cidade pequena pra São Paulo porque o ninho começou a ficar vazio, a cidade do interior já não era suficiente para os filhos. Ele sempre procurou ser o melhor para seus cinco filhos, se superando até no que ele havia apreendido sobre a paternidade.
Meu pai que era católico, mas que não me deixava faltar as escola bíblica dominical com minha mãe, e me dizia que só íamos a igreja diferentes, mas que tínhamos fé no mesmo Deus. Que me ensinou a decorar as cartas do baralho e a jogar truco.Que nunca me deixou duvidar que ele cuidaria de mim. Que me passou com seu exemplo todos os valores para eu ser uma pessoa de bem.
Um dia me levou a um desses parquinhos itinerantes (desses comuns em cidades pequenas) porque eu queria andar no carrossel, e eu fiquei tão tão feliz. Ele me colocou sentada lá num cavalinho,e ficou me olhando dando voltas e voltas naquele carrossel. Ficou me olhando e sorrindo o tempo todo pra mim, esperando me divertir e se alegrando com a minha alegria. Foi um tempo dele que ele dedicou só a mim, e foi isso que  me fez gravar esse dia na minha memória.
Meu pai foi o melhor pai que ele poderia ter sido, fez o melhor que ele sabia fazer. E deixou uma saudade gigantesca que eu não imaginava sentir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário